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Pinto da Costa revela como tramou o Benfica

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Pinto da Costa revela como tramou o Benfica

Pinto da Costa continua a apresentar ‘Vencedores como Sempre – os Homens do Presidente’, onde falou sobre os vários técnicos que ajudaram a engrandecer o FC Porto. Esta segunda-feira, ficou a conhecer-se como Pinto da Costa passou a perna ao Benfica e convenceu José Mourinho a rumar a norte, quando já tinha tudo encaminhado com os encarnados. Faltava apenas uma assinatura.

O presidente do FC Porto ficou a saber quando Mourinho ia assinar, aproveitou uma desatenção de José Veiga e mudou toda a história. Antes, Mourinho já tinha tido uma curta passagem pelos encarnados, mas preparava-se para deixar a União de Leiria, onde estava por indicação de Pinto da Costa, que seguia o treinador desde a sua parceria com Bobby Robson, para assinar uma nova página com o Benfica.

“Teoricamente era uma aposta de risco mas eu tinha a certeza que não ia representar qualquer risco. Quando ele cá estava já tínhamos uma relação muito forte, eu sabia da sua importância nos êxitos do Robson, conhecia a sua maneira de ser e o seu atrevimento. Nunca tive dúvidas que voltaria para ser treinador do FC Porto. Quando Robson deixou Barcelona e veio Van Gaal, ele tinha dúvidas se devia continuar. Lembro-me de falar com ele, dar-lha a minha opinião que devia aproveitar, ficar mais um ano ou dois, pois era alguém de uma escola de muito valor.

Era habitual eu dar indicações a presidentes amigos sobre treinadores a contratar. Falava sempre do Mourinho mas eles nunca acreditavam. Até que o Bartolomeu [presidente do Leiria] me perguntou e lhe disse a mesma coisa. Ele ficou surpreso, avisei que era uma opinião e cabia-lhe a ele apostar ou não apostar. Passado quinze dias dizia-me ‘ele é maluco, quer jogar ao ataque no Leiria’. Disse-lhe que não se devia meter no trabalho dele. Fez uma primeira volta sensacional e o Bartolomeu estava louco com ele e achava que ia buscá-lo. Respondia-lhe apenas com a certeza que o Mourinho iria treinar o FC Porto”, começou por fazer o enquadramento, Pinto da Costa, antes de falar sobre a forma como desviou Mourinho do Benfica.

“Soube que no dia do meu aniversário, o 29 de dezembro, ele iria assinar pelo Benfica. Felizmente não tinha assinado antes porque o Veiga quis ir passar o Natal ao Luxemburgo e adiou isso de 23 para 29. Pelo meio, o Baidek pergunta-me se eu quero o Mourinho, isto numa altura que as coisas estavam a correr mal mas o Otávio não estava efetivamente de saída. Disse-lhe que não queria o Mourinho naquele momento mas que para a época seguinte era outro assunto.

A 29 ele está para assinar pelo Benfica mas o Baidek avisa-o para vir ao Porto falar comigo. Acho que ele respondeu, não vou, senão fico lá. No dia 27 fico de os receber em minha casa mas tinha um jantar de amigos que duraria sempre até às 23 horas com Joaquim Oliveira e o padre Jorge. Combinei para estarem no largo de minha casa a essa hora, que mal os convidados saíssem acenderia e apagaria a luz três vezes, sinal de que poderiam subir. Mas o certo é que eles não iam embora, bem dizia que estava cansado, até que pela meia-noite pedi-lhes mesmo para irem embora e dei o sinal. Ficou decidido esperarmos pelo final da época, que manteria Otávio mas teríamos conversa no final da época para sair e que seria o Mourinho a assumir a equipa”, convenceu Pinto da Costa, que nos meses seguinte continuou a falar sobre os reforços para a equipa.

“Mourinho decidiu e avisou Bartolomeu que não conseguiu deixar o Leiria a meio da época pelo Benfica. E a partir daí começamos a definir o plantel do FC Porto para a temporada seguinte, comentei-lhe que já tínhamos contratado o Maniche, Pedro Emanuel e Paulo Ferreira e ele concordou que eram ótimos jogadores. Depois deu-se o jantar na Mealhada até às 4 da manhã para convencer Bartolomeu e assumimos que compraríamos o Derlei e o Nuno Valente. Acabou por vir mais cedo pela saída do Otávio e salvou-nos a época com o apuramento para a Taça UEFA.

Jogávamos muito bem mas tínhamos jogadores que faziam a diferença. A começar no Baía, que nos dava uma grande tranquilidade. Deco era genial e tomava conta de qualquer jogo. O Derlei era uma fera à solta. O resto eram bons jogadores, havia muita segurança e sempre alguém capaz de resolver. Se não fosse assim era o Deco num livre ou numa jogada individual”, lembrou o presidente portista.

“Mourinho é, sem dúvida, um dos maiores treinadores de sempre mas acho que aquilo é hoje assenta muito nos anos passados com Robson. Ele veio, revolucionou o futebol com a transição, as equipas eram apanhadas desprevenidas por essas transições de Robson. O Mourinho implementou esse espírito numa nova geração de jogadores e deu uma grande confiança à equipa, que a levava às vitórias”, concluiu Pinto da Costa, sobre José Mourinho.

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